O verdadeiro significado da famosa frase ‘Fake it Till You Make It’?

A frase “fake it till you make it” que em português significa "faça de conta até se tornar realidade", virou um mantra popular no mundo das Startups e dos Negócios. Se refere a apresentar algo ao mercado como se já estivesse praticamente pronto enquanto, nos bastidores, a versão completa ainda está em desenvolvimento. Mas fingir ser o que não somos pode representar um risco, dependendo de como entendemos e aplicamos o conceito.
Essa frase quando bem utilizada, pode ser validadora, mas também muito perigosa, se a expectativa estiver errada e se mal compreendida.
No âmbito pessoal, a psicóloga social Amy Cuddy, famosa pelo TED Talk sobre “power poses”, vê o fingir como uma ferramenta poderosa para conquistar autoconfiança real. Cuddy sugere que adotar posturas de poder pode influenciar nossas emoções e hormônios, elevando nossa sensação de controle. Para ela, o “fingimento” temporário ajuda a enfrentar a “síndrome do impostor” e outros sentimentos de inadequação. "Esse exercício, repetido com intenção, pode se transformar em uma confiança genuína."
Por outro lado, Brené Brown, especialista em vulnerabilidade e autenticidade, adverte que “fingir” pode nos afastar da conexão verdadeira e do autoconhecimento. Segundo Brown, o “fake it till you make it” pode nos levar a construir uma armadura emocional que nos isola de nossa própria verdade e dos outros. Ela acredita que o crescimento pessoal real ocorre ao enfrentarmos nossa vulnerabilidade e não ao mascará-la com uma persona artificial.
Na mesma linha, Barbara Ehrenreich também critica o excesso de “positividade” em seu livro Smile or Die. Ela aponta os perigos de ignorar desafios reais e de criar uma pressão irreal sobre nós mesmos para alcançar metas. Ehrenreich defende que a cultura de “fingir até conseguir” pode levar à negação das dificuldades e a sentimentos de culpa em caso de fracasso. Para ela, o fingimento constante não é uma ferramenta de superação, mas uma forma de escapar da realidade.
No mundo dos negócios, Simon Sinek acrescenta outra dimensão: ele observa que o “fingir” pode ser prejudicial para líderes. Para Sinek, um líder que esconde suas dúvidas e incertezas perde a oportunidade de ser autêntico e de fortalecer a confiança de sua equipe. Ele acredita que liderar com vulnerabilidade não só aproxima o líder de seu time, mas também permite um ambiente de colaboração genuína. Fingir constantemente, por outro lado, pode minar essa conexão e fomentar a desconfiança.
Apesar das críticas, Napoleon Hill, autor de Pense & Enriqueça, defende que se imaginar em uma posição de sucesso pode ajudar a criar resultados positivos. Hill acredita que atitudes e pensamentos positivos podem atrair sucesso, mas reforça que esse fingimento precisa ser sustentado por esforço e aprendizado constantes. Para ele, a confiança imaginada pode abrir portas, mas só o trabalho duro traz resultados concretos.
A questão central é: até onde o “fingir” realmente ajuda?
Minha percepção é que o conhecimento eleva nosso nível de consciência e, com isso, gera confiança. Assim, se temos clareza do momentâneo sobre o que estamos "fingindo", o que queremos ser e as consequências dessa prática, podemos usá-la de forma intencional, como uma estratégia que tenha o começo, meio e fim. No mundo empresarial, o que importa é o caminho do meio, o perigo está em permanecer nos extremos.
Portanto, o equilíbrio é a chave. Use o “fake it till you make it” de forma consciente e temporária, tanto no mundo dos negócios, quanto no pessoal como Cuddy sugere, ou seja, enquanto pratica o autoconhecimento e a busca pelo apoio para crescer. O "fake it till you make it" no sentido de "pretend to be", pode ser um primeiro passo, até mesmo para suas ideias, validar MVP (protótipos) e testar hipóteses, mas ATENÇÃO: não pode ser pra sempre e não substitui o crescimento sustentável e verdadeiro. Que essa prática seja apenas uma ferramenta momentânea de validação e não uma desculpa para evitar o confronto com nossas fraquezas.
Portanto, da próxima vez que considerar usar o “fake it till you make it”, se pergunte: isso pode me ajudar a evoluir ou apenas adiando as definições e mudanças necessárias? A resposta pode ser a diferença entre o sucesso autêntico e uma máscara vazia.
Pense Nisso! João Kepler